Foi ao cair da noite
num dia ventoso, chuvoso, sob um guarda-chuva,
na tua rua, à tua porta e no momento de um olhar.
Um momento que se tornou eterno.
Primeiro foram os teus olhos,
depois um gesto teu
que traduzia a tua maneira de ser
e expunha o teu rosto
onde se notava um ligeiro rubor, numa espécie de pudor,
enquanto em nós despertavam os sentidos
como um fogo a alastrar.
E nesse gesto
o teu braço no meu pescoço, a cabeça inclinada,
os cabelos a esvoaçar
e a tua boca, que calada dizia tudo,
a oferecer aquele beijo
que recordo
que continuo a sentir
como um crescendo intenso.
José Aranha